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Mãe solo: sacrifícios e desafios diários

Mãe solo: sacrifícios e desafios diários Foto: Arquivo pessoal Notícia do dia 14/05/2023

Em geral, o amor materno é um sentimento inexplicável diante de tantos que existem. O conceito é quase indefinido do ponto de vista emocional. Ser mãe é entender o contexto que se insere, resgatar sua essência e vislumbrar a capacidade de amar tanto ao ponto de se abster de momentos únicos na vida.

 

As histórias de mães são inúmeras e sempre nos emocionam, principalmente quando se trata de mães solo, seja qual for o motivo que as levaram a assumir esse papel.

Segundo os últimos levantamentos do site ANDI de 2022, a ausência paterna é uma realidade brasileira que aumenta a cada ano. Segundo os cartórios de registro civil, mais de 56.931 crianças foram registradas somente com o nome da mãe nos primeiros meses de 2022. Entre janeiro e abril de 2018, aproximadamente 5,3% dos registros de nascimentos foram feitos sem o nome do pai. Em 2020 e 2021, este índice passou para a casa dos 5,8% e 5,9%. No mesmo período em 2022, o percentual saltou para 6,6%, o maior até agora.

 

Dessa forma, há mais mulheres que estão se tornando única e exclusivamente responsáveis pela provisão financeira, cuidados diários da casa, educação e atenção afetiva de seus filhos. A pesquisa também revelou que a região Norte do país é a que concentra maior número de pais ausentes em relação ao total de registros (10%), seguida do Nordeste (7%), Centro-Oeste e Sudeste (6%) e Sul (5%).

 

As atividades maternas, por si só, não são tão fáceis como parecem ser, especialmente quando se exige uma complexidade ainda maior entre o cotidiano, afazeres domésticos e os sentimentos externos de mudança, mas há sempre um jeitinho para concilia-las.

Aos 28 anos, a dona do lar Pâmela Laborda é autora de uma história incrível de superação. A mãe da pequena Ágatha de 5 anos já vivenciou muitos momentos que nos faz refletir sobre ser mãe solo, uma tarefa nada fácil.

“Fui mãe aos 23 anos e nunca foi fácil ser mãe solo. Quando nos tornamos mãe os nossos planos mudam. Tentei fazer uma faculdade, mas por não ter com quem deixa-la eu não consegui finalizar. Apesar das dificuldades é gratificante ser mãe. Antes eu era sozinha, agora tenho ela como minha companheira,” relatou a mãe.

Ágatha nasceu com Espinha Bífida, é um defeito congênito que ocorre quando os ossos da coluna não se formam completamente. Primordialmente isto ocorre no início da gravidez. É uma anomalia congênita mais comum do sistema nervoso central. Apresenta uma incidência aproximada de 1/1000 nascidos vivos no brasil. Sem a proteção de uma pele normal, este tecido nervoso sofre novo dano secundário à exposição ao líquido amniótico e trauma contra a parede uterina. Pode levar à paralisia dos membros inferiores, atraso no desenvolvimento intelectual, alterações intestinais, urinárias e ortopédicas.

“Quando ela nasceu, fui pega de surpresa com o diagnostico, nenhuma mãe espera isso, mas eu entreguei nas mãos de Deus. O médico disse que ela não teria uma infância boa, normal, que seria sempre dependente de mim. Isso me machucou muito, mas ao mesmo tempo eu acreditava que ela seria diferente daquilo que ele estava me dizendo. Hoje olho pra ela e vejo que diagnostico não define ninguém. Minha filha é um milagre”, contou emocionada.

Com ajuda do tio, Pâmela conseguiu recursos para comprar a cadeira de rodas à filha e assim facilitar sua mobilidade no dia a dia. A pequena nunca andou, apenas engatinhou.

Atualmente Pâmela mantém o sustento da casa com o Benefício de Prestação Continuada (BPC), visto que ela não tem com quem deixar a pequena Ágatha para ir trabalhar.

“É com esse benefício que eu pago aluguel, que eu pago as contas, compro os mantimentos dela. Esse benefício tem nos ajudado muito. Já me vi mais enrascada quando eu só recebia R$600,00, tinha que pagar aluguel e só me sobrava R$300,00 reais. Daí eu tinha que me virar para conseguir comprar as coisas mais necessárias. E eu, por estratégia, tive que manter a Ágatha no meu ritmo, para cortar gastos. Não conseguia dar a ela o que era dela por direito”, destacou a jovem.

 

Uma mãe solo que dedica inteiramente seu tempo ao filho é sempre mais que uma guerreira e protetora, abdica de tudo que há muito tempo, aparentemente, lhe oferecia um certo conforto, para se reconfigurar em um novo olhar, para a luta por dias melhores, esse sentimento só é compreendido por quem é mãe.

“Às mães solo, por mais que seja cansativo, difícil, façam o seu melhor. Todos os dias nós aprendemos como ser melhor. É muito difícil caminhar sozinha. As críticas vão vir, mas o importante é o que você faz de melhor para o seu filho. Um dia que sonhei sobre ter filhos, construir uma família, imaginei que seria fácil, mas não é. Não abandone seu filho, seja amigo. Nossos filhos são nossa herança. Eu não desisti até hoje por causa dela, não me arrependo de nada. Minha filha é um presente e um milagre de Deus. Tudo acontece nos planos d´Ele. Hoje eu não estou mais sozinha. E você, mãe solo, também não está mais sozinha,” finalizou com lágrimas de alegria.