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Aos 95 anos morre poeta amazonense Thiago de Melo

Thiago tinha 95 anos e estava dormindo em sua casa quando faleceu. A causa da morte ainda não foi divulgada.

Aos 95 anos morre poeta amazonense Thiago de Melo Notícia do dia 14/01/2022 O poeta amazonense Thiago de Mello morreu nesta sexta-feira, 14 de janeiro. A informação foi confirmada pela família e amigos através das redes sociais. Thiago tinha 95 anos e estava dormindo em sua casa quando faleceu. A causa da morte ainda não foi divulgada. O velório do poeta Thiago de Melo será realizado no Palácio Rio Negro, localizado na Avenida Sete de Setembro, bairro Centro, zona sul de Manaus. Amadeu Thiago de Mello nasceu em Porantim do Bom Socorro, município de Barreirinha (interior do Estado do Amazonas), no dia 30 de março de 1926. Poeta e tradutor brasileiro é um dos mais influentes e respeitados no país, reconhecido como um ícone da literatura regional. Ainda criança, mudou-se com a família para Manaus, onde iniciou seus estudos no Grupo Escolar Barão do Rio Branco e, depois, no Ginásio Pedro II. Dez anos mais tarde mudou-se para o Rio de Janeiro e, em 1950, ingressou na Faculdade Nacional de Medicina, mas não chegou a concluir o curso para seguir a carreira literária. Durante a década de 50, colaborou com veículos de oposição ao governo de Getúlio Vargas, fundou a Editora Hipocampo e dirigiu o Departamento Cultural da Prefeitura Municipal da Cidade do Rio de Janeiro. Por um período servindo no Itamarati como agente diplomático de cultura do Brasil na Bolívia e, posteriormente, no Chile (onde conheceu o poeta Pablo Neruda). Em 1965, retorna para o Brasil, porém 3 anos após a sua chegada é perseguido pelo regime militar e se vê forçado a viajar novamente para Santiago (Chile), onde permanece exilado por 10 anos, tempo suficiente para escrever algumas de suas maiores obras que lhe renderam também um prêmio concedido pela Associação Paulista dos Críticos de Arte, ainda durante o regime militar, tornando-o conhecido internacionalmente como um intelectual engajado na luta pelos Direitos Humanos. Após a sua cassação política, também viajou para vários países, rumando a Europa. Em homenagem aos seus 80 anos, completados em 2006, foi lançado pela Karmim o CD comemorativo A Criação do Mundo, contendo poemas que o autor produziu nos últimos 56 anos, declamados por ele próprio e musicados por seu irmão mais novo, Gaudêncio. Uma de suas obras literárias mais famosas é o livro “Os Estatutos do Homem”, de 1982, divulgado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura - Unesco;   Os Estatutos do Homem (Ato Institucional Permanente) A Carlos Heitor Cony     Artigo I Fica decretado que agora vale a verdade. agora vale a vida, e de mãos dadas, marcharemos todos pela vida verdadeira.   Artigo II Fica decretado que todos os dias da semana, inclusive as terças-feiras mais cinzentas, têm direito a converter-se em manhãs de domingo.   Artigo III Fica decretado que, a partir deste instante, haverá girassóis em todas as janelas, que os girassóis terão direito a abrir-se dentro da sombra; e que as janelas devem permanecer, o dia inteiro, abertas para o verde onde cresce a esperança.   Artigo IV Fica decretado que o homem não precisará nunca mais duvidar do homem. Que o homem confiará no homem como a palmeira confia no vento, como o vento confia no ar, como o ar confia no campo azul do céu.   Parágrafo único: O homem, confiará no homem como um menino confia em outro menino.   Artigo V Fica decretado que os homens estão livres do jugo da mentira. Nunca mais será preciso usar a couraça do silêncio nem a armadura de palavras. O homem se sentará à mesa com seu olhar limpo porque a verdade passará a ser servida antes da sobremesa.   Artigo VI Fica estabelecida, durante dez séculos, a prática sonhada pelo profeta Isaías, e o lobo e o cordeiro pastarão juntos e a comida de ambos terá o mesmo gosto de aurora.   Artigo VII Por decreto irrevogável fica estabelecido o reinado permanente da justiça e da claridade, e a alegria será uma bandeira generosa para sempre desfraldada na alma do povo.   Artigo VIII Fica decretado que a maior dor sempre foi e será sempre não poder dar-se amor a quem se ama e saber que é a água que dá à planta o milagre da flor.   Artigo IX Fica permitido que o pão de cada dia tenha no homem o sinal de seu suor. Mas que sobretudo tenha sempre o quente sabor da ternura.   Artigo X Fica permitido a qualquer  pessoa, qualquer hora da vida, uso do traje branco.   Artigo XI Fica decretado, por definição, que o homem é um animal que ama e que por isso é belo, muito mais belo que a estrela da manhã.   Artigo XII Decreta-se que nada será obrigado nem proibido, tudo será permitido, inclusive brincar com os rinocerontes e caminhar pelas tardes com uma imensa begônia na lapela.   Parágrafo único: Só uma coisa fica proibida: amar sem amor.   Artigo XIII Fica decretado que o dinheiro não poderá nunca mais comprar o sol das manhãs vindouras. Expulso do grande baú do medo, o dinheiro se transformará em uma espada fraternal para defender o direito de cantar e a festa do dia que chegou.   Artigo Final. Fica proibido o uso da palavra liberdade, a qual será suprimida dos dicionários e do pântano enganoso das bocas. A partir deste instante a liberdade será algo vivo e transparente como um fogo ou um rio, e a sua morada será sempre o coração do homem.