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Rádio Alvorada completa 55 anos de história

Reconhecida como a “Voz que a Amazônia escuta”, a Rádio Alvorada comemora 55 anos, hoje, 1º de outubro. São mais de meio século quebrando o silêncio da floresta e tirando os ribeirinhos do isolamento e aproximando-os dos principais acontecimentos da região, do Brasil e do mundo.

Rádio Alvorada completa 55 anos de história Notícia do dia 01/10/2022 É por meio das ondas sonoras, da frequência e da conexão que despertamos juntos todos os dias há exatos 55 anos.  Com a sua permissão, entramos na sua casa para informar, educar, alegrar e evangelizar, das 5h às 23h. São dezoito horas de programação diversificada. Reconhecida como a “Voz que a Amazônia escuta”, a Rádio Alvorada comemora 55 anos, hoje, 1º de outubro. São mais de meio século quebrando o silêncio da floresta e tirando os ribeirinhos do isolamento e aproximando-os dos principais acontecimentos da região, do Brasil e do mundo. A história da emissora inicia na década de 1960, com o aval da igreja sobre os meios de comunicação e o desejo dos padres de instalar uma rádio no coração da Amazônia, com o objetivo de tirar do isolamento o povo abandonado nas comunidades rurais distantes da então Prelazia de Parintins. De acordo com Carlos Barros Monteiro, professor adjunto da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), campus Parintins e coordenador acadêmico do Instituto de Ciências Sociais, Educação e Zootecnia (ICSEZ), a história do rádio em Parintins está ligada com a história de fundação da Rádio Alvorada, a primeira emissora na cidade. “Existe uma conexão muito forte, muito intensa com o baixo amazonas, com a cidade de Parintins. Não apenas da sede do município, um alcance muito grande onde a rádio atua, onde é ouvida”. A Rádio Alvorada foi inaugurada oficialmente em 1º de outubro de 1967 pelo núncio Apostólico Dom Sebastião Baggio. De lá para cá, a emissora se consolidou como o meio de comunicação mais importante do baixo e médio Amazonas. Conquistou credibilidade pelo seu comprometimento com o povo e o primoroso trabalho de independência política e apartidário. “Isso contribui de mais para a evolução do entendimento da educação da comunidade com a credibilidade da emissora para as comunidades. Eu percebo que a rádio alvorada ela tem essa diferença que credibiliza muito o conteúdo do ela produz do que é veiculada justamente por ela ter um processo de organização e funcionamento com o pensamento cristão, social, educativo e sem atrelamento político”, enfatiza o pesquisador da comunicação. Dentro da realidade atual, a rádio ainda tem a possibilidade de ser um instrumento de evangelização, de cultura, arte e esporte, iniciado pelos missionários do Pime. É neste sentido que o bispo da Diocese de Parintins, Dom Giuliano Frigeni, reconhece o papel fundamental da emissora com a missão de anunciar o Evangelho a partir da narração dos acontecimentos diários da região. “A alegria de comunicar a este mundo um fato não que aconteceu, mas o que está acontecendo. Porque a rádio alvorada não fala não precisa, ela lê o evangelho. A rádio alvorada fala de uma palavra que se encarnou e se tornou escola, se tornou paróquia se tornou juventude e se tornou novas família, movimento, se tornou a vida dos ribeirinhos. Falava, fala e tem que falar da vida, desta encarnação. Cristo é Deus que se fez homem, então tudo aquilo que diz respeito a vida humana, ao ser humano, a mulher, os índios, enfim, não tem um único pedaço que não interesse a rádio”. Dos 100 anos da rádio no Brasil, completados no dia 7 de setembro, mais da metade, a Rádio Alvorada vem cumprindo o seu papel de informar a partir de uma relação mais direta com seu público-alvo, o ouvinte, mas também de contribuir socialmente com a comunidade. A Dr. Helena Corazza, pesquisadora na área de Comunicação e Educação, Rádio e Relações de Gênero, atua na docência e na formação de lideranças comunitárias em diversas cidades do Brasil. Helena Corazza conhece muito bem a utilidade e funcionalidade do rádio e explica de que forma este veículo pode impactar na vida das pessoas “A rádio impacta na vida das pessoas pela sua presença. Hoje o rádio é sintonizado em muitas plataformas digitais, em diferentes plataformas pelo podcast e no rádio convencional. Então, o rádio é presente e temos que fazer com que ele aconteça dessa forma e mesmo devido à concorrência nas redes sociais é muito fácil encontrar muitas outras opções, é preciso continuar a ter o nosso interlocutor, o nosso ouvinte perto de nós”. A partir da comunicação estabelecida entre rádio e sociedade, o rádio serve para expor as necessidades e reclamações da população. Por isso, o ouvinte acredita que o rádio é o porta-voz e o representante do povo perante os governos. Essa realidade pode ser evidenciada no relato do parintinense Girleno Barros, um dos ouvintes que procurou a emissora para fazer um apelo em prol à sua filha recém-nascida. “A minha filha nasceu com uma série de complicações no hospital padre colombo e el necessitava com urgência de remoção através da aeronave UTI para Manaus e isso fez com que eu procurasse a rádio alvorada porque eu já avia solicitado a aeronave por meio de e-mail, ligações e já se passavam dois dias, indo para o terceiro dia que a minha filha estava esperando esse transporte chegar na cidade e não chegava. E foi que a gente procurou as autoridades aqui na cidade e não encontramos pois eles estavam fora, então, eu procurei a rádio alvorada para fazer esse apelo que pudessem entrar em contato com o secretário, ou com o prefeito para que eles me ajudassem a fazer a remoção da minha filha. Então fui atendido sim. O meu apelo. Esse trabalho social que a rádio faz é muito importante. Foi até muito além daquilo que eu esperava”. O rádio continua sendo aquele parceiro para todas as horas, seja no entretenimento ou servindo como veículo para que a população obtenha, além da informação, um serviço de ajuda aos que necessitam. Como é o caso da universitária Dávila Gomes Garcia, da comunidade da Sabina do Rio Mamuru, zona rural de Parintins, que hoje reside em Manaus e tem a Rádio Alvorada como meio para se comunicar e informar com seus familiares. “lá onde meus pais moram não pega sinal de telefonia e quando eu quero transmitir algum recado eu faço isso por meio da rádio, ainda mais nesse período de pandemia ficou sendo somente através da rádio”. A abrangência da Rádio Alvorada vai do Amazonas a alguns municípios do estado do Pará e, também, com a “Rádio Online”, alcança até outros países. Da mesma forma que atende o ouvinte local, atende ainda o cidadão de outras cidades. O professor Clenildo Lima de Souza, natural da cidade de Juruti-Pará, relata a situação que passou com sua esposa quando a mesma teve problemas na gravidez. “quando a criança estava com oito meses ela veio a falecer dentro da mãe, foi uma preocupação porque a gente quase não tem conhecimento. Então, a única forma que fiz foi mandar um áudio para a rádio alvorada para que eles pudessem divulgar pra mim como um pedido que as pessoas solidárias que pudessem doar sangue O+ para que fizessem a cirurgia e retirada da criança. Graças  a Deus fui atendido pelo apelo através dos microfones da rádio alvorada foi de imediato, foi assim em menos de 2 horas para as pessoas retornarem”. Para se manter próximo e cada vez mais perto das pessoas, o rádio foi se modificando como forma de continuar fazendo parte do cotidiano das famílias. Com tantas outras opções de comunicação esse veículo favorece a aproximação geográfica, e faz com que a informação chegue a lugares mais distantes. Essa foi uma das grandes conquistas alcançadas com a invenção do rádio. E o que se tem hoje é resultado de todo esse desenvolvimento tecnológico. É importante compreender que, mesmo com o constante avanço da internet em muitos lugares, o rádio ainda é um dos principais meios de comunicação que as pessoas dispõem e o meio pelo qual podem conseguir sanar as necessidades. Os pedidos dos ouvintes vão desde a solicitação de bens materiais à promoção de reencontros de pessoas. Como foi o caso de Jeferson Conceição Maciel que há mais de vinte e nove anos estava à procura do filho. “Quero agradecer muito a Deus em primeiro lugar e a uma corrente de amigos que eu fiz aqui na cidade de Parintins pois com ajuda dessas pessoas e com ajuda de vocês da rádio alvorada de comunicação encontrei a Idaliana e através dela o meu filho. Agradeço muito mesmo pois graças a Deus e a vocês eu conseguir”. A Alvorada tem sua história enraizada no compromisso social, e nesses mais de meio século de história muitas parcerias foram seladas. A Universidade do Estado do Amazonas (UEA) é um exemplo desta parceria social que já dura há treze anos. A Rádio Alvorada de Parintins, apesar dos desafios, se mantém firme com um dos meios de comunicação mais importantes do Médio Amazonas, está presente na mente e no coração dos seus ouvintes. O pescador Manuel Martins, mais conhecido como "Borracha", tem 68 anos, é morador da comunidade do Aminaru Sagrado, zona rural da cidade de Nhamundá, é um daqueles ouvintes que sempre está ligado na programação da emissora, utilizando a rádio como sua guia nos horários de trabalho. Manuel conta que sua vida sempre esteve conectada aos programas da rádio Alvorada. “Eu gostei da rádio alvorada eu ainda nem tinha rádio, aí eu escutava pelo rádio dos outros. Depois eu comprei o meu ai eu ligava lá em casa e dizia para minha mãe, olha mamãe como acontece muitas coisas, a gente escuta tudinho lá de Parintins pela rádio alvorada, é uma emissora que conta todas as coisas para gente, o bem ou o mal. Os programas que a gente escuta o que acontece. Eu escuto o esporte, quando dava o jogo do sulamérica e amazonas, ai eu dizia para a mamãe, “olha mamãe amanhã é o jogo. Eu ficava escutrandso muito alegre com meu rádio. Ai eu escuto já dá Gracinha, Neudson, ai eu gosto que eles falam mesmo”. Recentemente, no contexto da pandemia da Covid-19, mais uma vez a Rádio Alvorada mostrou a sua importância. Se fez companheira e amiga, professora com as aulas via rádio, defendeu a vacina, o direito básico do povo à saúde, orientou a população quanto à prevenção do novo coronavírus que vitimou em todo o Brasil, 686.978 mil pessoas, no Amazonas foram 14.325, e em Parintins foram 360 óbitos, deste um de seus colaboradores, o cinegrafista Altair Costa. Mesmo consternada com a perda, teve que demonstrar resiliência, assumindo a linha de frente na informação da crise sanitária. A coordenadora de Vigilância em Saúde do município, Elaine Pires, relata a importância do Sistema Alvorada de Comunicação, no controle da pandemia da Covid-19. “Durante a pandemia foi de uma muita relevância a divulgação das informações, seja dos boletins epidemiológicos semanais, diários, assim também como a questão da vacinação. Então nesse veículo de importância nós conseguimos suprimir a pandemia no município de Parinirtns”. No fim do seu governo pastoral, Dom Giuliano aguarda com grande expectativa o novo bispo, e espera que este tenha uma boa relação com a Rádio Alvorada e seus colaboradores, primando pela unidade. “A rádio alvorada tem que ter a capacidade de viver a unidade com o evangelho, mas também a diversidade de cada jornalista que frise e que gosta do esporte, literatura, música, do evangelho, das pastorais. Então a rádio alvorada tem que ter pessoas ao meu vê que pelo menos uma vez por mês tenha um encontro de uma hora com o novo bispo. Evangelizar significa, dá pela experiencia que fazemos um critério de crítica, poder de avaliar de distinguir o bem do mal”.   Texto: João Carlos Moraes, Lucely Monteiro, Luan Guerreiro, Vinicius Lima e Neudson Correa