Alvorada Parintins

Rádio Alvorada de Parintins: 54 anos da Voz que a Amazônia escuta

A emissora foi idealizada pelo primeiro bispo de Parintins, Dom Arcângelo Cerqua (Pime).

Há 54 anos, pelas mãos de Dom Arcângelo Cerqua, primeiro bispo de Parintins, dona Raimunda Ribeiro da Silva, primeira diretora e deputado federal Rafael Faraco nascia a Rádio Alvorada (RA), tendo como seus principais pilares de sustentação ideológica: informar, educar e evangelizar.

Foi com um olhar futurista que o som da Alvorada, pela primeira vez, em 1º de outubro de 1967, foi lançado no espaço amazônico para levar a informação em todos os gêneros jornalísticos.

Por meio da notícia o projeto da Igreja Católica se tornava realidade e o caboclo ribeirinho passava a receber uma das formas mais primitivas da comunicação, o som, levado ao ar pelas ondas do rádio por meio de mensagens codificadas.

Foto: Reprodução/ TV Alvorada

O silêncio impregnado do ambiente amazônico foi quebrado pela programação da RA, emissora que nascia na pequena Parintins, sob o manto protetor de Nossa Senhora do Carmo.

O entusiasmo dos fundadores da RA permanece vivo até hoje, e a missão de levar adiante essa enorme obra de evangelização da Diocese de Parintins é incorporada pelos atuais colaboradores, que vai desde à direção aos demais profissionais em suas respectivas áreas.

São 54 anos em que o Sistema Alvorada de Comunicação, atualmente mantido pela Fundação Evangelli Nuntiandi, atua como formador de opinião, produz notícia e se coloca a serviço da comunidade, como foi no período da pandemia do coronavírus.

Neste momento difícil de nossa história, no campo da saúde, educação, religião e da economia, a Rádio Alvorada cumpriu com o seu papel social, de informar, educar, entreter, comunicar, e sem dúvida tem sido um elo importante junto às autoridades, em seus mais diversos segmentos, para vencermos a pandemia.

O rádio que vivera momentos de glória por ocasião dos seus primeiros anos, crescendo de forma acelerada e superando as barreiras e distâncias passou a fazer parte do cotidiano parintinense desde o dia 1º de outubro de 1967.

E neste dia especial são os ouvintes e os colaboradores que contam suas histórias e a relação de amizade com a Rádio Alvorada de Parintins.

Rádio Alvorada e o fortalecimento da educação superior na Amazônia

Em harmonia com a missão de  educar, a Rádio Alvorada, ao longo dos seus 54 anos, se manteve próxima das instituições educacionais para fortalecer esse setor tão importante para o desenvolvimento da região.

Durante essa trajetória, gestores e professoras das escolas da rede pública sempre tiveram espaço para informar à população e se aproximar cada vez mais dos estudantes. Da mesma forma, pais e alunos têm voz e vez para expressar suas opiniões.

Também neste contexto, a emissora se tornou a parceira das instituições de ensino superior, sobretudo da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), e do Instituto Federal do Amazonas (IFAM).

A diretora da Ufam Parintins, professora Sandra Helena da Silva, destaca a relevância do trabalho realizado pela Rádio Alvorada, em especial para o setor da educação.

“A gente viu como a Rádio Alvorada foi fundamental, principalmente, nesse momento de pandemia, levando a educação básica para todos aqueles que não podiam estar nas escolas. Nós, da Universidade Federal do Amazonas, queremos agradecer a parceria que temos com divulgação dos acontecimentos do instituto”, disse .

Quem também agradece pela parceria é o diretor do Ifam Parintins, Kleber Brito.

“A gente, como parceiro da Rádio Alvorada, só temos a agradecer a dedicação do seu quadro funcional, assim, como pela competência na divulgação das ações voltadas à educação.”.

Uma história de ação conjunta

Uma das pessoas que fez parte desses 54 anos é o missionário italiano, padre Emílio Butelli, do Pontifício Instituto das Missões Exteriores (Pime). Deixou o seu país para ajudar na nova emissora que nascia no coração da Amazônia. De acordo com o religioso, a principal motivação da vinda para Parintins foi a Rádio Alvorada. “Os superiores me perguntaram onde eu queria fazer missão. Eu disse que em Parintins na Amazônia havia uma rádio que precisava funcionar. Dom Arcangelo aceitou a ideia e aqui estou eu.”, contou.

“A rádio foi instalada por técnicos que vieram de são Paulo, mas algumas parte foram feitas ajudante daqui mesmo. Lembro que a conexão via a cabo dos estúdios até aos transmissores deviam passar em cima do Macurani. Toda aquela linha elétrica e telefônica foram feitas pelos padre Augusto Gianola com seus jovens da JAC (Juventude Alegre Católica)”, recordou Butelli.

Aos poucos a Rádio foi crescendo e conquistando a credibilidade e a confiança do caboclo. Precisava ir mais longe, precisava alcançar mais pessoas e levar o Evangelho a todos. Era necessário, portanto aumentar a potencia das Ondas Médias e instalar as Ondas Tropicais para chegar em todas as partes da região amazônica. Assim, a Alvorada, como afirmou padre Emílio, “foi criando força”.

Esta força se traduziu quando, na década de 1970, a Onda Tropical foi ao ar em fase experimental. Padre Emílio recorda que se encontrava em Brasília junto ao deputado federal Rafael Faraco, e tal qual foi à surpresa deste pela potencia da nova emissora de rádio.

Foram vinte anos dedicados à Rádio de dom Arcângelo Cerqua. O missionário, que também colaborou na grade de programação, recorda que o bispo tinha o desejo de aproximar as comunidades rurais dos acontecimentos da cidade. Butelli lembra nesse momento de um dos programas mais antigos, o Mensageiro da Amazônia, no ar até hoje.

No limiar da Radio Alvorada, padre Emílio julga que um dos programas mais importantes na época era a Escolinha Radiofônica, produzido pelas professoras. Um programa pioneiro que tinha o objetivo de transmitir aos professores rurais métodos de ensino e avaliação, haja vista, o inicio da educação nas comunidades distantes.

Em meio ao rápido desenvolvimento das tecnologias das mídias, padre Emílio destaca a importância da Radio Alvorada como um meio de comunicação entre Deus e o ser humano e, este consigo mesmo.

“A Rádio Alvorada é muito importante porque você não ver, mas escuta-a, isso te obriga a abrir os ouvidos e olhar ao redor si. A radio Alvorada, sendo fiel à sua vocação de ser também educadora, deve ajudar o povo a entender que nós devemos nos comunicar. Esta comunicação é de amplo respiro, com Deus, com os vizinhos, com os homens, com os que são esquecidos e, também, consigo mesmo, escutar o que está dentro de si”, finalizou padre Emílio.

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