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Amado Menezes: Tuxaua Sateré-Mawé morre com Covid-19 em Parintins

"Um líder de verdade. Suas palavras entravam na mente das pessoas e elas agiam", assim lembra Pe. Henrique Uggé, amigo da liderança Sateré.

Amado Menezes Filho, 64 anos, tuxaua-geral da etnia Sateré Mawé, morreu por complicações da Covid-19, nesta quinta-feira (15), no Hospital Regional Jofre Cohen, em Parintins. Ele estava internado na unidade hospitalar desde o dia 23 de setembro.

Durante a internação, o quadro de saúde se agravou, e o procedimento adotado pela equipe de saúde foi entubá-lo, mas com insuficiência renal provocada pela doença veio a óbito, antes mesmo de ser removido para Manaus.

Antes de ser internado, o tuxaua Amado e mais outros denunciaram a falta de assistência na área indígena e a abertura de postos de entrada da reserva que estava facilitando a proliferação do Coronavírus.

Líder da palavra arrebatadora

Desde os anos 70 ele sempre estava presente com os pai dele e outros anciãos. Nas reuniões sempre apresentava-se com os trajes típicos do seu povo. “Sus palavras entravam na mente e corações das pessoas, e agia na vonta e nas ações das pessoas. Por isso que a etnia sateré mawé perdeu um grande líderes. Que os jovens indígenas sigam o exemplo desse grande tuxaua”, relata padre o missionário italiano, padre Henrique Uggé.

Padre Henrique Uggé, que atua na área indígena Sateré Mawé Andirá conhecia muito bem o tuxaua, a quem o considerava como amigo.

“Ele era uma pessoa sempre alegre. Muito acolhedora, me recebia na casa dele, na comunidade Ponta Alegre, Rio Andirá. Homem do diálogo. Homem do sorriso. Uma pessoa de fé, sempre presente na igreja de sua localidade. Além de tudo isso ele foi um líder verdadeiros, defensor das demarcações das terras sateré mawé e sua cultura e tradições”, completa.

Covid-19 nas terras indígenas

Nas últimas quatro semanas, na área indígena do Rio Andirá, o Disei/Parintins registrou aumento nos casos positivos para a Covid-19.

“De menos de cem casos, houve um aumento de 180. Desses 150 já recuperados. Estamos com um quadro de oito óbitos, sendo que 05 em Maués (Rio Marau), 01 em Nhamundá (etnia Hixkariana) e 02 do município de Barreirinha. Um deles nosso tuxaua Amado Filho”, explica o coordenador do Dsei/Parintins, José Augusto Nenga.

Nenga acrescenta que o Disei mantem na região de Barreirinha Equipes Multidisciplinar de Saúde Indígena (ENSIs) em cinco polos, naquele município. Assim como três unidades de Atenção Primária  (APSs) com concentradores de oxigêncios, e também três equipes de resposta rápidas que estão na região do rio Andirá.

“Nos renovamos o contrato dessa equipe para mais seis meses. Estamos pedindo o reforço dessas ações. Pedimos também que os próprios indígenas evitem se deslocar das terras indígenas. No mais mantemos apoio naquela área e  estamos fechando parcerias para ter uma base de apoio, em Barreirinha, e assim evite-se a lotação dos hospitais de Parintins”, conclui.

Dsei lamenta a morte da liderança

Nota de Pesar

O Distrito Sanitário Especial Indígena de Parintins (Dsei/PIN), vem a público lamentar profundamente o falecimento do Tuxaua Geral da etnia Sateré-Mawé, Amado Menezes Filho, 64 anos, no início da noite desta quinta-feira (15), no Hospital Regional Jofre Cohen, na cidade de Parintins, após complicações da COVID-19

Amado morava na Aldeia Ponta Alegre, Rio Andirá, município de Barreirinha, liderança indígena de grande expressão, que lutava para manter o dialeto tradicional nas aldeias com proposta curricular diferenciada nas escolas indígenas, costumes e danças.

Atuante também na luta pela implantação do Subsistema de Saúde Indigena do SUS – SASISUS, com o objetivo de proporcionar o acesso dos povos indígenas ao Sistema de Saúde Nacional de forma diferenciada e constante.

Nos solidarizamos a família enlutada e a todos os seus amigos neste momento de grande perda.

EQUIPE do DSEI PARINTINS e Conselho Distrital de Saúde Indigena – CONDISI

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