Antes de percorrer os corredores da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), em Parintins, fruto de uma conquista para o jovem sateré-mawé, por ser o único da família até o momento a frequentar uma universidade e também ser o primeiro indígena a ingressar no curso de Tecnologia em Design Digital pela UEA/Parintins, o jovem vivia com a família no município de Barreirinha. Também passou uma temporada na cidade de Manaus.
Sorriso fácil, ele sabe conduzir muito bem as palavras, sempre precisas durante a entrevista. O jovem também valoriza todo o conhecimento empírico repassado por gerações do seu povo. Mas quem é o jovem indígena que demonstra tanto orgulho por sua ancestralidade? O acadêmico do 3º período do curso de design digital faz questão de se apresentar na sua língua materna.
Tradução:
“Eu me chamo Adolfo Tapaiüna sou indígena Sateré Mawé do baixo Amazonas. Atualmente sou acadêmico do curso de design pela Universidade do Estado do Amazonas, trabalho com o grafismo corporal e também como ilustrador digital e tenho 20 anos e atualmente moro aqui na cidade, mas sou do município de Barreirinha”, disse.
[caption id="attachment_30014" align="aligncenter" width="1066"] Fotos: Tayna Sateré[/caption]
Para Adolfo, agregar o conhecimento ancestral no mundo digital é muito importante, porque dessa forma as histórias não morrem, mas se difundem junto a tecnologia. Ele também relata o trabalho que desenvolve por meio da pintura corporal, desde os 14 anos.
“Eu trabalho com grafismo corporal desde os meus 14 anos. Quando eu estava na cidade Barreirinha minha mãe sempre falava sobre esse costume. Ela pedia para entender essa história a partir do olhar que são dos seus avós, bisavós. Então eu lembro que nessa história minha mãe sempre falava “filho a gente tem cultura”. O grafismo ele veio a partir dessas histórias”, relatou.
[caption id="attachment_30018" align="aligncenter" width="853"] Fotos: Tayna Sateré[/caption]
Apesar de todo o talento, a trajetória do jovem ainda é marcada por preconceitos dentro da universidade, mas ele diz não se abalar, para Adolfo, as atitudes só fortalecem mais as conquistas. Adolfo tem planos após concluir a graduação.
“Após sair da faculdade eu pretendo voltar para minha aldeia e ministrar muitos cursos de ilustração digital. Precisamos representar nosso povo. Existem muitos jovens que são bons no que fazem dentro da nossa realidade, mas não tem oportunidade. E eu vou me formar para abrir portas para outros jovens indígenas”, disse.