A Ladainha do Boi Garantido mais um ano tomou conta das ruas da ilha tupinambarana na terça-feira 24 de junho. O evento celebra a promessa do seu criador, Lindolfo Monteverde, e o aniversário do boi-bumbá vermelho e branco.
A programação teve início com a inauguração do Museu Vivo da Baixa, onde o Garantido prestou homenagem a personalidades já falecidas que fizeram parte da história da agremiação. Logo após foi exibido o documentário Símbolos de Resistência da Baixa da Xanda, que narra a trajetória e resistência do povo quilombola.
Cleumara Monte verde, fala da herança ancestral e relembra a cultura deixada e cultivada pela sua família. "Tudo que nós estamos vivenciando hoje foi vivido lá. Eles atravessaram o mundo e vieram fazer a cultura, a tradição e a raiz aqui. Ser quilombo da baixa, hoje é reconhecer uma história que atravessou, que veio nos navios, que veio com eles, marcados pelos ferros da escravidão".
Uma das guardiãs da tradicional ladainha fala do orgulho de ser perreché e celebrar a tradição juntamente com a matriarca Maria Monteverde. "O povo da Baixa tem nome de perreché porque foi um povo preto, um povo pobre, um povo que criou uma cultura que era excluída, era uma cultura que era para pobre, para gente pobre, para gente excluída da sociedade. E hoje nós somos sim esse povo perreché assumidos, porque nós sabemos que nós passamos uma vida toda sendo menosprezados".
A ladainha foi conduzida por dona Maria Monteverde, filha de Lindolfo, que, aos 87 anos, mantém viva a tradição deixada pelo pai. Ela também acompanha o boi pelas ruas. "Eu me sinto feliz, não tem felicidade maior do que a minha. Lembro de toda a minha família, especialmente do meu pai Lindolfo, da minha mãe Antônia e da minha avó Alexandrina. Esse é meu destino, minha vida. E vivo muito bem!", declarou Maria Monteverde.
A tradicional ladainha remete à promessa feita por Lindolfo, após ficar doente, que se fosse curado, criaria um boi-bumbá para sair às ruas todos os anos. Até hoje, essa promessa é mantida: o Boi Garantido sai da Baixa do São José e percorre as ruas da comunidade, onde é recebido com casas enfeitadas ao som de muita festa.
- Por Franci Maia / Alvorada Parintins
