A Diocese de Parintins realizou, na noite desta quarta-feira (13), uma missa em memória das vítimas da Covid-19. A celebração aconteceu na Catedral Nossa Senhora do Carmo e reuniu a comunidade e familiares das vítimas.
A celebração ocorre por ocasião do Dia Nacional em Memória das Vítimas de Covid-19, data instituída em 2021 após aprovação pela Câmara dos Deputados e pelo Senado. As vítimas da Covid-19 são lembradas no dia 12 de março, que marca a primeira morte pela doença no Brasil.
A missa foi presidida pelo bispo diocesano, Dom José Albuquerque de Araújo, e concelebrada pelo bispo emérito, Dom Giuliano Frigeni, bispo auxiliar emérito de Manaus, Dom Mário Pasqualotto, pároco da Catedral, Padre Dorival Nascimento, e o sacerdote missionário, padre Edinel Silva, da Diocese de Castanhal (Pará).
Em sua homilia, Dom José lembrou os momentos difíceis vividos durante os anos de 2020 e 2021, marcados por angústia e perdas.
“Quantas famílias não puderam velar os seus mortos, né? Em alguns períodos, o hospital levava diretamente para o cemitério. Quantas pessoas, até hoje, estão vivendo esse luto, sentindo esse aperto no coração”.
Dom Giuliano, por sua vez, compartilhou experiências vividas durante o período mais crítico da crise sanitária. Ele destacou a atuação do Hospital Jofre Cohen e do Hospital Padre Colombo, que receberam não apenas pacientes com Covid-19, mas também gestantes, muitas delas infectadas pelo vírus.
“Fizemos um lugar separado só pelo Covid, mas a solidariedade nos obrigou a partilhar a dor. Foi um desafio desta desgraça, que porém indicou para nós que precisava levar muito a sério a solidariedade”.
Fiéis que participaram da missa relataram a emoção do momento. Kelly Amaral Sobral, dona de casa, compartilhou sua experiência de perda e superação. Ela perdeu o pai para a Covid-19 e descreveu o período da pandemia como extremamente difícil.
“E ele estava com terço e ele disse assim, minha filha, primeiro lugar é oração. A nossa alimentação é oração. Então isso me conforta bastante, sabe? Isso a gente sente muita falta, saudade, né?”.
O médico Francisco Cardoso, que atuou na linha de frente no combate ao coronavírus e também perdeu o pai e a mãe para a Covid-19, destacou a solidariedade que surgiu durante o período mais crítico da crise sanitária.
“Não existiam desconhecidos, todos, todos, todos ajudaram e participaram para que isso aqui fosse menos traumático do que foi aqui em Parintins”, destacou.
A irmã do médico Francisco Cardoso, a vereadora Márcia Baranda, também compartilhou o sentimento de saudade pela trágica perda dos pais para a doença.
“Senti o coração muito apertado, muitas pessoas que não tiveram um enterro, a família não pôde fazer um enterro, muitas vezes de dentro do hospital já foi mandado pro cemitério. Em fim, assim, de muita tristeza, mas a gente com a nossa fé, sempre pra gente seguir em frente lutando e contribuindo e ajudando as pessoas”, concluiu.
- Por João Carlos Moraes