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Invasão de grilos em Parintins pode estar associada ao desmatamento na cidade, dizem pesquisadores

Diversos relatos e registros da “invasão” foram compartilhados nas redes sociais

Invasão de grilos em Parintins pode estar associada ao desmatamento na cidade, dizem pesquisadores
Uma “invasão” de grilos foi registrada em Parintins nesta semana. O problema ocorreu em vários bairros da cidade e causou estranheza e sustos na população. Diversos relatos e registros da “invasão” foram compartilhados nas redes sociais. As histórias descreviam desde o incômodo com a “cantoria” dos grilos até os sustos causados pelos insetos. Segundo especialistas, a "invasão" dos grilos em Parintins está relacionada à mudança de estação na região Amazônica. O período de chuvas também marca o período de reprodução das espécies que predominam na região, nesse caso o grilo preto (Gryllus Assimilis) e o grilo marrom (Anurogryllus Maticus). No entanto, os especialistas também apontam que a infestação registrada em Parintins pode estar sendo agravada por questões ambientais relacionadas às queimadas, como explica o doutor Fabiano Taddei, biólogo da Universidade do Estado do Estado do Amazonas (UEA).
"Pelo que nós verificamos, esse fenômeno já ocorreu outras vezes, mas em uma escala bem menor. A maior probabilidade é que este descontrole populacional esteja relacionado às queimadas no entorno da cidade. Quando você queima, você aumenta muito a temperatura do local onde eles vivem e também eles perdem alimentação e o local onde ficar. O ecossistema é destruído e os grilos fazem a migração sempre para um lugar onde tem mais iluminação. Assim eles acabam parando na cidade", explicou o Doutor Fabiano Taddei, biólogo da Universidade do Estado do Estado do Amazonas (UEA).
A bióloga da UEA, doutora Cynara Carmo, também aponta o desequilíbrio ambiental como um dos principais fatores para a infestação dos grilos na Ilha. Segundo ela, além da destruição do habitat natural da espécie, também é registrada a redução dos predadores naturais dos grilos, caso de sapos, lagartos e morcegos.
“O aumento das queimadas e do desmatamento das áreas próximas à Parintins intensificam esse processo de migração dos grilos pra cidade. E isso deve continuar pelos próximos 10 ou 20 dias, que é o tempo que os adultos da espécie começam a morrer após o período de reprodução", ressaltou a bióloga da UEA.
A especialista também lembrou que, apesar de inofensivos para os humanos, os grilos podem ser vetores de doenças.
“Por serem onívoros - animais que se alimentam tanto de plantas ou algas, e outros animais - eles vão para o lixo em busca de comida. Por isso podem levar nas patas bactérias e microrganismos que em contato com a água ou alimentos, podem causar doenças em caso de ingestão pelos humanos", alertou a Dra. Cynara Carmo.
Segundo os pesquisadores da Universidade do Estado do Amazonas, não existe uma solução definitiva para a questão dos grilos na cidade e há, ainda, a possibilidade do fenômeno ocorrer mais vezes devido ao descontrole populacional dos insetos, o que é um reflexo do processo de urbanização na Ilha. Matéria completa no Mídia Cabocla