O modo de fazer, servir e vender tacacá que caracteriza o trabalho das tacacazeiras pode se tornar patrimônio cultural do Brasil. A informação é do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), que realiza neste sábado, 24 de fevereiro, às 9h, uma reunião com as tacacazeiras amazonenses na sede da superintendência, localizada na Travessa Doutor Vivaldo Lima, nº 13 a 17, centro de Manaus.
Em parceria com o Núcleo de Estudos Interdisciplinares em Sociedades Amazônicas, Cultura e Ambiente da Universidade Federal do Oeste do Pará (Sacaca/Ufopa), a reunião faz parte da etapa da pesquisa sobre o tema que será realizada também nos estados do Acre, Amapá, Pará, Roraima, Rondônia e Tocantins para orientar o processo de registro do Ofício de Tacacazeira como patrimônio cultural do Brasil.
[caption id="attachment_40415" align="aligncenter" width="1280"] Foto: Aldair Rodrigues[/caption]
A parintinense, Lucineia Andrade de Souza, a famosa tacacazeira Neia, da Avenida Nações Unidas, em Parintins, há 20 anos aposta na iguaria como fonte de renda. Ela relata sua rotina com as vendas do tacacá.
“Meu trabalho é só o tacacá mesmo. Tenho muitos clientes, eles gostam muito do meu tacacá. Toda tarde eu venho, é muito difícil eu não vir. É de domingo a domingo.
O casal Maya e Manoel há 40 anos investem também nas vendas do tacacá. Eles ressaltam o início do empreendimento e os quesitos necessários para satisfazer a clientela, todas as tardes em Parintins.
“Começou com a minha sogra vendendo pra espairecer um pouco. Daí ela tomou gosto e com isso, educou os filhos. Hoje são todos formados. Aí teve um tempo que ela parou e nós demos continuidade ao legado dela. E hoje estamos aqui”, salientou Maya. “Eu digo sempre que fazer tacacá é uma arte. Não é só você ir na feira pegar o tucupi, botar o jambu e ferver e vender, não! Como toda culinária, sempre tem aquele segredo”, destacou Manoel.
De acordo com o Iphan, o registro do ofício de tacacazeira tem o sentido de valorizar a riqueza cultural do país, da complexidade dos sistemas culinários amazônicos, de um paladar bem específico, amplamente disseminado em vários estados e cidades e imerso em um universo simbólico denso, e de uma prática tradicional que é também meio de vida para muitas famílias.
O tacacá é uma iguaria de origem indígena, uma espécie de sopa feita de tucupi, um líquido extraído da mandioca, servido na cuia, com goma de tapioca, camarão seco e jambu, uma planta que dá um efeito de dormência na boca. Além de temperos, que variam em cada estado.
[caption id="attachment_40418" align="alignnone" width="1280"] Foto: Aldair Rodrigues[/caption]