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Em Parintins, estiagem severa avança e preocupa ribeirinhos; 6 comunidades já estão isoladas

O nível das águas vem diminuindo de forma acelerada, comprometendo o acesso à água potável

Em Parintins, estiagem severa avança e preocupa ribeirinhos; 6 comunidades já estão isoladas Foto: João Carlos Moraes Notícia do dia 13/09/2024

A crescente estiagem na região de Parintins, no Amazonas, tem causado grande preocupação entre os ribeirinhos que dependem dos rios para sobreviver e se locomover.

O nível das águas vem diminuindo de forma acelerada, comprometendo o acesso à água potável, o transporte fluvial e a pesca, que são fontes essenciais de subsistência para as comunidades locais.

A estiagem severa que atinge Parintins tem transformado drasticamente o cenário ao redor da cidade. Lagoas e lagos que banham o município estão praticamente secos, como é o caso do lago Macurany, ao sul da cidade, e da Lagoa da Francesa, no leste da Ilha.

São áreas portuárias e de importantes acessos à cidade. Com esses canais secos, o dia a dia dos ribeirinhos vai ficando cada vez mais difícil.

As crianças que vêm da área rural para estudar na cidade precisam encarar a lama e percursos maiores para chegar à terra firme. Há ainda as dificuldades para o escoamento da produção.

Nesta semana, o município de Parintins decretou situação emergência pelo período de 180 dias por conta dos efeitos da estiagem e declara a situação de anormalidade em decorrência do desastre causado pela seca severa na região.

Segundo o documento publicado no Diário Oficial dos Municípios do Amazonas, ao menos 6 comunidades já estão isoladas e enfrentam dificuldades para o acesso do transporte escolar, para o abastecimento e recolhimento da produção agrícola da região. Com o avanço da estiagem, este número pode aumentar nas próximas semanas, segundo a Defesa Civil de Parintins.

Outra situação que preocupa e o desabastecimento de água potável e agravamento de doenças.

O agricultor da região do Zé Açu, Zenildo Nunes, emocionado, conta que passou muitas dificuldades com a seca do ano passado e que neste ano a preocupação é ainda maior.

"Está ficando tudo seco, os caminhos da roça ficam longe, já temos problemas. Esse final de mês no Parananema e Macurany não sai mais, só por terra. Com certeza, isso aí você sabe disso. Para chegar é difícil”, declarou.

Segundo o agricultor Zenildo Nunes, a farinha que antes fazia para vender na cidade, agora, somente para consumo da família.

Isso aí é um ganho pra nós, se não tiver essa farinha, a gente fica na pior. Só que tá muito difícil pra fazer essa farinha, muito difícil mesmo. Não tem como fazer, dois, três sacos de farinha pra trazer. A seca tá muito grande, fica longe. Só dá de trazer para comer com os filhos. Não tem como fazer mais do que isso”.

A moradora da região Mamuru, dona Luziene Alfaia, grávida de 8 meses, leva mais de sete horas para chegar em casa.

“O barco que vai para a nossa área, ele não chega até onde é a nossa residência. Ele está nos deixando em uma comunidade mais fora (sic). De lá temos que ir de canoa, ou algum parente que está lá vem buscar de rabeta, fica mais difícil”, disse.

A região do Baixo Amazonas é uma das últimas a enfrentar os impactos das grandes cheias ou grandes estiagens na Amazônia.

No ano de 2023 foi a maior estiagem já registrada na região de Parintins em 49 anos de monitoramento.

A expectativa das autoridades locais é que tenhamos um cenário semelhante este ano porque o nível do rio está abaixo na comparação com o mesmo período do ano passado, abaixo inclusive da média histórica, segundo a Estação de Monitoramento de Parintins, do Serviço Geológico do Brasil.

O rio Amazonas tem apresentado um ritmo de descida que varia entre 10 e 15 centímetros por dia.

Nesse fim de semana, o rio já atingiu uma cota inferior a 3 metros, nível que está 1 metro e meio abaixo desse mesmo período do ano passado, que eu lembro, foi a pior estiagem já registrada desde quando começou o monitoramento aqui na região.