A parintinense Drica Darc Ferreira, 35 anos, morreu afogada após entrar na água, próximo ao trapiche da beira-mar Norte, no centro de Florianópolis, em Santa Catarina, por volta das 3h30 do dia 1º de janeiro.
Segundo relatos de testemunhas aos bombeiros, ela nadou alguns metros, se debateu e afundou, e não foi mais vista. Após receber esta informação, a guarnição fez buscas por Drica durante toda a madrugada e manhã. O corpo foi encontrado ainda na segunda-feira, dia 1º, por volta das 8h53.
A administradora pública, Sandra Vasconcelos, amiga da vítima, disse que soube da tragédia pelo namorado de Drica, e que após mobilização de outros amigos, conseguiu informar os familiares da jovem no município de Parintins.
De acordo com Sandra, após ter acesso ao boletim de ocorrência, a morte foi causada por afogamento acidental. Drica é uma mulher transexual e organizava junto com a amiga Sandra o “Festival de Parintins em Floripa”, evento que reunia os demais parintinenses que moram em Santa Catarina. O sepultamento será em Florianópolis, pois Drica adorava a cidade.
Drica era estudante de Serviço Social na UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) e se tornou diretora da ADEH (Associação em Defesa dos Direitos Humanos com enfoque na população TLGB), uma voz poderosa e respeitada na comunidade.
Quem era Drica D’arc Meirelles
Nascida em Parintins, Amazonas, Drica, mudou-se para Florianópolis em 2017 em busca de oportunidades melhores para estudo, trabalho e uma vida mais plena.
Segundo sua tia, Celma Meirelles, a decisão foi motivada pela busca de um ambiente mais progressista e menos preconceituoso em comparação com o Norte do Brasil, onde nasceu.
Drica era estudante de Serviço Social na UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) e rapidamente começou a se destacar na cena cultural e política, especialmente na luta pelos direitos humanos e inclusão da população LGBT+.
Ela se tornou diretora da ADEH (Associação em Defesa dos Direitos Humanos com enfoque na população TLGB), uma voz poderosa e respeitada na comunidade.
Drica contribuiu significativamente para vários projetos, como o Festival TransForma e o Festival AnimaVerso. Além disso, era conhecida por suas palestras sobre o combate ao preconceito e pela inclusão de pessoas trans.
Homenagens a ativista LGBT+
A notícia de sua morte desencadeou uma onda de homenagens. A DJ Lirous Kyo expressou profundo pesar em seu Instagram, destacando a importância de Drica como ativista e futura assistente social.
“Eu não perdi apenas uma amiga, Santa Catarina perdeu uma grande ativista e uma alma que se doava a qualquer pessoa para resolver os problemas dos outros primeiro, para depois pensar nos seus”, escreveu Lirous.
Alexandre Bogas, diretor executivo da Acontece – Arte e Política LGBTI+, relembrou Drica como uma parceira incansável e uma militante excepcional, ressaltando sua relevância e impacto.
“A Drica sempre foi uma parceira de primeira linha, uma militante como nunca, uma pessoa travesti que veio do norte do país e com todas as dificuldades, venceu aqui. É uma grande perda para nós.”
A tia de Drica, Celma Meirelles, expressou o quanto a perda impactou a família.
“Ela era muito importante para nossa família. Ela deixou a mãe, as tias e 5 as irmãs que a amavam. Todo mundo está desolado”.
Apesar da dor, a família se sente reconfortada pelo apoio dos amigos de Drica, que estão organizando homenagens e um velório que está marcado para acontecer a partir das 10h desta terça-feira, de janeiro na capela do cemitério do bairro Itacorubi, em Florianópolis.