O tambaqui (Colossoma macropomum) é um dos peixes de água doce mais populares da região amazônica. Devido à sua importância, uma pesquisa apoiada pelo Governo do Amazonas, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do estado do Amazonas (Fapeam), comprovou que o sorgo de alto tanino (tipo de cereal) pode ser incluído nas rações como forma eficiente de tratamento de parasitas, do tipo helmintos, sendo um ingrediente mais econômico que o milho.
Amparado via Programa de Apoio à Pesquisa – Universal Amazonas, edital n° 006/2019, o estudo intitulado “Avaliação de taninos em dietas para juvenis de tambaqui no controle de helmintos e desempenho zootécnico” constatou que as rações com tanino hidrolisado (ácido tânico) e tanino condensado (sorgo alto tanino) não afetam o crescimento dos peixes. Esses elementos podem ser empregados pelas fábricas estaduais, no intuito de propiciar o controle dos parasitas e reduzir o custo de produção da ração.
A coordenadora do estudo, bióloga e doutora em Ciências Fisiológicas, Cheila de Lima Boijink, da Embrapa Amazônia Ocidental, afirmou que a adição de até 0,3 % de ácido tânico na dieta de tambaqui não foi eficiente para o controle de acantocéfalos (endoparasitas, encontrados em espécies de peixes, anfíbios, pássaros e mamíferos) responsável pela oclusão parcial e total do trato intestinal, que afeta diretamente o seu crescimento. Estudos futuros serão necessários para o estabelecimento de uma concentração eficiente.
E ainda que o sorgo de alto tanino reduziu significativamente a quantidade de parasitas em tambaquis, em todas as concentrações testadas, com uma eficácia de até 38% nos acantocéfalos e 80% nos monogeneas, que são parasitas encontrados no intestino e nas brânquias dos peixes, respectivamente.
“Os taninos são compostos naturais encontrados em inúmeras espécies de plantas, podem estar nas folhas, frutos, sementes, nos talos e nas raízes. Os seus efeitos na dieta animal são devido a capacidade de complexação com macromoléculas, em especial proteínas, que se combinam”, explicou a coordenadora da pesquisa.
Ela afirmou ainda sobre a importância do manejo dos tambaquis de forma adequada, contribui não só para uma produção de peixes em ambiente controlado, mas também para melhorias econômicas e ambientais. As rações precisam ser bem balanceadas, conforme exigência da espécie e da fase de desenvolvimento.
Testes nas rações do tambaqui
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Foto: Arquivo Secom[/caption]
A conclusão foi que não houve controle dos parasitas nas porcentagens testadas, sendo assim, faz-se necessária a utilização de doses maiores do ácido.
Já no segundo teste, com o sorgo alto tanino, foram utilizadas 12 caixas de 1.000L com lotes de cinco peixes, com infestação de acantocéfalos e monogeneas. Os animais foram alimentados por 60 dias, duas vezes ao dia.
Apoio da Fapeam
“O apoio da Fapeam foi imprescindível para a realização desta pesquisa, com a aquisição de insumos e equipamentos que irão contribuir na geração de resultados não só desta pesquisa, mas como de outras que irão contribuir para resolver os problemas sanitários na produção de pescado da região. E também contribuiu para formação de estudantes”, disse Cheila Boijink.
Universal Amazonas
O Programa da Fapeam visa financiar atividades de pesquisa científica, tecnológica e de inovação, ou de transferência tecnológica, em todas as áreas do conhecimento, que representem contribuição para o desenvolvimento socioeconômico e ambiental do Amazonas em instituição de ensino e pesquisa do Amazonas.