Na manhã desta quinta-feira, 21, os moradores da Rua Caetano Prestes, situado no centro de Parintins, município localizado a 369 quilômetros de distância de Manaus, foram surpreendidos com mais um desabamento de terras naquela área, que abrange a Praça Digital e a antiga casa onde, historicamente, funcionou a primeira empresa de telefonia de Parintins, a Camtel e, recentemente, funcionava um restaurante.
Por ser uma ilha banhada pelo Rio Amazonas, que é o maior e mais caudaloso rio do mundo, Parintins sofre com o fenômeno natural da erosão, ocasionado pelas fortes correnteza do rio. Diante disso, ao decorrer do tempo, construiu-se uma estrutura para equilibrar o terreno e conter a força do barranco, que ficou conhecido como muro de arrimo, com o objetivo de garantir a segurança da população parintinense. Mas a obra não contemplou toda a orla da cidade e, com o tempo e a força das águas, o município vem sofrendo com o desabamento de grandes trechos daquela região.
De acordo com uma moradora da Rua Caetano Prestes, principal ponto afetado por esse fenômeno, os moradores vivem com medo dos frequentes deslizamentos de terras, uma vez que, por ser um barranco, quando chove a incidência de desabamento é mais intenso.
“Como aqui é barranco, fica o tempo todo deslizando e com a força da correnteza do rio, ele cava por baixo o que ocasiona o deslizamento e, com isso, a casa treme, tanto a casa quanto essa área toda. Ouvimos o barulho de um peso caindo, parecido com um concreto caindo no chão. Nós, moradores dessa Rua Caetano, temos medo quando tem temporal, porque sabemos que, com a terra molhada, o deslizamento nesse trecho é mais intenso”, relata a moradora.
A moradora relata ainda, como percebeu que estava acontecendo mais um desabamento naquela área.
“Eu escutei aquele peso no chão e corri pra ver o que tinha acontecido, pensei que fosse caminhão ou caçamba juntando o lixo, mas me deparei com o desabamento do barranco”, destaca.
Segundo a moradora, os órgãos municipais responsáveis por esse assunto não esclarecem quais as providências serão tomadas para resolver essa problemática, deixando os moradores mais aflitos com a situação.
“Já liguei várias vezes para a Defesa Civil pedindo para eles virem aqui olhar para ver o que pode ser feito por nós aqui da rua, mas quando eles vêm só dizem que vão interditar e não falam quais as providências serão tomadas por eles, pela prefeitura, para solucionar esse problema, pois antes de interditar a área, tem que se pensar nas pessoas que moram aqui e vivem próximo a essa área”, ressalta a moradora.
Promessas são feitas, constantemente, para os moradores daquela área, mas, de acordo com a moradora e o diretor do Colégio Batista de Parintins, Alisson Carvalho, nenhuma intervenção ou obras foram realizadas até o momento naquele trecho.
“No mês de janeiro, eles disseram que iam fazer trabalhos aqui, mas até o momento nada foi feito. A única coisa que fizeram foi emendar o concreto da coluna que tava solta na Praça Digital e disseram que quando a água baixasse, eles iriam fazer esse trecho da casa. Já se passaram três verões e até agora não foi feito nada”, enfatiza a moradora.
“Tivemos uma conversa com o secretário de Obras, onde ele documentou e, inclusive, disse que seriam realizadas obras nessa parte do muro para garantir a segurança. Essas obras seriam feitas na rua aqui ao lado, tanto que ele solicitou que contribuíssemos com o isolamento da área, para que as máquinas pesadas pudessem transitar com segurança na rua, mas até o momento essa ação não foi realizada”, relata o diretor.
Segundo Bi Garcia, prefeito de Parintins, a questão do muro de arrimo envolve um projeto nacional, que está tramitando no Ministério das Cidades para aprovação e, posteriormente, iniciar as obras naquela área no segundo semestre de 2023.
“A questão do muro de arrimo envolve um projeto nacional, da emenda do senador Omar Aziz, e está sendo aprovado no Ministério das Cidades. Acreditamos que possa ser executado nesse verão deste ano de 2023”, informa o prefeito.
Alisson Carvalho, diretor do Colégio Batista de Parintins, um dos primeiros educandários do munícipio e que fica situado na Rua Caetano Prestes, informa que o colégio vai documentar esse fato e traçar ações, junto com a comunidade escolar e local, para garantir a segurança dos alunos, funcionários e de toda a população que vive naquela região.
“Nós iremos documentar esse fato, por meio da nossa assessoria jurídica, vamos procurar nossa APMC, nossos pais, para que juntos possamos traçar ações que venham garantir a segurança de nossos alunos e de toda a comunidade, tal fato, deve-se a necessidade de nós conhecermos a real situação deste fato que está ocorrendo aqui no muro de arrimo”, afirma o diretor.
Até o fechamento dessa matéria, a Defesa Civil não respondeu a nossa equipe de jornalismo. E o secretário municipal de Obras disse que irá averiguar a situação, que ocorreu na manhã de hoje (22/03).
FOTOS: Aldair Rodrigues
